29 de abr. de 2011

Vestígios de Alice - I

Em um dia qualquer, em cima da mesa, o livro "conversações", canetas, corretivos, relógios marcados, fotos rasgadas e cartas no chão. Alice sabia que algo estava acontecendo, que algo seria maior do que tudo isso, que talvez ela não entendesse quais os seus sentidos, seus problemas, suas ruínas..

O livro, as canetas, as cartas, fotos, relógios, camas bagunçadas, papéis rasgados, ouvidos tampados.. Uma breve sensação de que tudo ao se redor estava se acabando aos poucos, poucos, poucos. Sua paz, eminentemente frágil e ingênua, já não era paz... seu caos já não correspondia a sua bagunça. Tudo estava revirado, tudo estava quebrado, tudo estava rompido.

Sua vida, seus livros, sua televisão, seu quarto. Seu aparente lugar e sua destruição falida. Será que ela estava ficando louca? Abria o guarda-roupa, encontrava vestígios de amores, promessas e razões para continuar. Abria suas gavetas, encontrava contas, apostilas, xérox. Todas as suas pequenas aquisições a fazendo lembrar que não queria mais viver debruçada em um passado, amargurada em ilusões e tentativas.

Tentou, por todas as horas, minutos e segundos, entender o que se passava, e cada vez mais chegava a conclusão que sua vida já não se passava, apenas se arrastava. Alice, sua paz, sua vida, seu quarto, seus vestígios. Onde você está Alice? O que você quer? O que você deseja? Papéis jogados na cama, fotos rasgadas no chão, promessas quebradas... vestígios de Alice.