26 de mar. de 2011

Acorda, seu sono não é paz.

Dentre noites não dormidas e dias não vividos ela arrastava seus pés no chão frio da casa. A noite passou, o dia começou, e a terrível constatação: apenas conseguiu dormir três horas. Acorda, seu sono não é paz.

Então, ela acordou, e pensou, pensou, pensou consigo mesma, formas, passos, caminhos, ideias, qualquer coisa que pudesse eliminar por algum instante aquela dor ou cessar aquelas lágrimas.

Deitou na cama, conversou com a mãe, fingiu estar bem. Disse em algumas poucas palavras algo que a mãe nunca entenderia, e partiu para a cozinha. Ela achou que fazendo um sanduíche ficaria melhor. "Deve ser fome, fome".

E enquanto o sanduíche estava sendo tostado, o cheiro de queijo fresco subindo nas paredes da cozinha.... ela começou a pensar em tudo o que poderia fazer, novamente, novamente, novamente, até chegar a um ponto em que soube que o cheiro do pão não a estimulava. E chorou, chorou, chorou, suas lágrimas se misturando ao pão, ao cheiro, as paredes da cozinha, tão brancas.. tão parte de tudo e tão parte dela. Pegou o pão na mão, olhou, olhou e não sentiu vontade de comer um só pedaço.

Foi aí que descobriu que o problema talvez fosse um pouco pior. Sim, estava sofrendo. Agora, só restava uma coisa seca, um olhar indefínivel, palavras proferidas ao vento...

Por alguns instantes, ela fechava os olhos e deixava aquilo tudo guiar a sua vida. Ela deixava as suas mãos deslizarem no teclado, até chegar a conclusão de que sim, sofria, chorava, sofria, chorava, sofria, chorava, e sofria e chorava, e não sabia mais o que tinha entre o sofria e o chorava. Por tempos, não sabia o que era amar, ou se doar, ou sofrer. Por tempos não sabia que as três coisas estavam atreladas e que, ao mesmo tempo, as três se anulavam. 

Parece incrível acordar e, mesmo não acreditando em nada, ainda assim levantar, escovar os dentes, tomar banho, andar nas ruas. 

Ela não sabia que era amor, ou que era essa coisa enorme que, ao fim, fosse destruir tanto tudo dentro dela.

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