15 de mar. de 2011

Você não entenderia.

De todas as coisas, todas as palavras, todos os fatos e todas as mágoas: não, você não entenderia. 

Todos os dias você chega em casa, liga o computador, checa os e-mails, acessa a orkut / facebook. Fala com os seus colegas e amigos, conversa sobre trivialidades, escuta música, depois come, escova os dentes e se prepara para dormir.

Você está chateado, sem saco, estressado, querendo mandar o mundo se foder, e sempre chega aquela pessoa em algum chat descarregando a sua vida para você. Com calma, parado, você se pergunta: que porra é essa? ou, em outras palavras, what a fuck? E aí a pessoa passa o tempo inteiro falando o quanto a sua vida é ruim, o quanto o seu relacionamento está péssimo, como poderia ser melhor, em quais circunstâncias poderia ser melhor, e você, do outro lado, pensando: todos os dias sempre o mesmo: as mesmas palavras, as mesmas raivas, as mesmas frustrações e as mesmas tristezas. Chega a um ponto em que você até pensa se todas as pessoas são sempre assim.. um mesclado de narcisismo com egoísmo, uma pitada de autoexigência e um tempero de perfeccionismo. 
Você começa a questionar se isso tudo é só um momento, ou se todos os momentos são parecidos e as pessoas apenas mudam de roupagem. Você pensa em tudo e chega a conclusão que esse texto talvez seja uma crônica de relacionamentos afetivos falidos. Yeah, pós-modernidade em voga e todos estão falidos, fodidos, amargos, mal pagos; inclusive você, e tudo não passa de um grande WHAT A FUCK, em letras garrafais, vermelhas, italícas, bordados, riscados e tudo o mais.
Você não entenderia. Você não é capaz de entender se você não pára de olhar pro seu próprio umbigo, pra sua própria vida, pro seu próprio relacionamento falido, pós-moderno, caótico. E no dia que tudo se acabar, você vai sentir um vazio tão enorme.. e vai se perguntar cadê seus amigos. 
E os meus amigos, cadê? 

Talvez você esteja lendo isso e se identificando. Talvez você seja o amigo falido, ou talvez você seja o que vai dizer: "você não entenderia". Talvez você leia e não concorde em nada. Talvez você seja ingênuo demais em acreditar que o céu  é azul. Mas, eu digo, caro colega: são poucos os que te dão bom dia.




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